Mulheres assumem cargos de liderança no mercado imobiliário goiano
Se já houve um tempo em que as profissões tinham sexo, esse tempo ficou no passado. As mulheres têm garantido cada vez mais espaço no mercado de trabalho, conquistado avanços significativos em diversos setores. Segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a participação de mulheres no mercado de trabalho deve crescer mais do que a de homens até 2030. De acordo com os números, 64,3% das mulheres em idade ativa, ou seja, entre os 17 e 70 anos, estão empregadas ou disponíveis para o mercado, enquanto os homens devem ter sua estimativa encolhida de 89,6% para 82,7%. De acordo com o IBGE, de 2012 a 2018, quase dois milhões de mulheres conquistaram uma carteira assinada. Em junho de 2018, 40 milhões de mulheres faziam parte da população ocupada em postos de trabalho.
Mãos à obra
No mercado imobiliário goiano, por exemplo, elas estão cada vez mais presentes em cargos de liderança, comandando canteiros de obras, chefiando homens e até mesmo se tornando exemplos para as novas gerações. Com grande destaque no cenário goiano, a EBM Desenvolvimento Imobiliário conta atualmente com seu quadro de engenheiras, inteiramente composto por mulheres. A empresa emprega mais de 100 mulheres. A engenheira Isabella Barreira Amorim, de 34 anos, trabalha há oito anos na incorporadora. “Hoje estou à frente de duas obras da EBM, dos empreendimentos Vida Sol e 360 Oeste, onde somando as equipes, lidero mais de 130 profissionais”, afirma ela, que ainda complementa que já chegou a comandar cerca de 180 pessoas em um canteiro de obra.
A profissional afirma que vê uma melhora significativa no que diz respeito ao alcance da mulher no mercado de trabalho, mas reconhece que ainda há muito a ser aprimorado. “Nós, mulheres, não somos mais criadas para ser donas de casa, como éramos há gerações. Mas, sim, para buscar nosso lugar no mercado de trabalho. É com esforço e dedicação que conquistamos esse espaço, e isso se reflete nesse número de mulheres à frente de cargos de liderança”, afirma. A engenheira ainda acrescenta que o sexo feminino agrega pontos que fazem a diferença no cotidiano de trabalho. “Mulheres são mais organizadas, mais disciplinadas. Ter uma mulher no comando de uma obra é ter a garantia de mais organização e até de melhores resultados. Nós conseguimos realizar mais tarefas ao mesmo tempo, o que garante uma gestão de tempo mais assertiva”, comenta.
Administração feminina
Na Opus Incorporadora, todo o departamento jurídico é composto por mulheres. A chefe, Ana Paula Silva Cêga, está à frente da função há cinco anos e comemora as conquistas das mulheres que estão cada vez mais presentes nos cargos de liderança das empresas. “Não há dúvidas de que nos últimos anos a mulher está cada vez mais presente no mercado de trabalho. Eu vejo como algo constante e progressivo. Acredito que a sensibilidade feminina permite uma maior capacidade de trabalho em equipe, o que é fundamental para bons resultados nas empresas. Nós temos uma grande capacidade de encontrar soluções para diversos tipos de problemas. Temos a intuição mais aguçada, somos mais persistentes diante das dificuldades, cautelosas nas tomadas de decisões e mais flexíveis no gerenciamento de conflitos. Tenho orgulho de ser advogada de uma empresa que preza pela excelência no atendimento aos seus clientes e que busca soluções amigáveis para as suas demandas”, declara.
Supervisora de Segurança do Trabalho da Opus Incorporadora, Adriana Garcia da Silveira, descreve os desafios enfrentados. “Uma mulher na liderança de algum cargo ou empresa é sempre um desafio, somos testadas constantemente para saberem se realmente somos capazes. O que não ocorre com um homem na mesma posição. Esta visão misógina tem diminuído, mas ainda encontramos algumas pessoas com este pensamento”. A competência e os resultados entregues, de acordo com a profissional, fazem com que as mulheres conquistem espaços cada vez mais. “Mulheres em cargos de liderança fazem a diferença quando se trata de avaliar o sentimento alheio e praticar a empatia. Somos mais intuitivas e conseguimos negociar com maior assertividade”, finaliza.