Atividades físicas e cirurgias plásticas: aliadas ou inimigas?
Quando o assunto é relacionado aos cuidados com o corpo sempre existem dúvidas, principalmente em um momento em que as novidades vinculadas à estética corporal não param de surgir. Pesquisa da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética (ISAPS) aponta que o Brasil é o segundo no ranking de países que mais realizam cirurgias estéticas e reparadoras, atrás apenas dos Estados Unidos. Nesse contexto, a atividade física deve ou não estar presente no período de pós-operatório?
“A atividade física é importantíssima para que seja possível assegurar a eficácia do resultado alcançado pela cirurgia plástica e aprimorá-lo”, afirma o cirurgião plástico Armando Teixeira. O profissional ressalta que os exercícios físicos devem ser retomados de forma gradual, passado o período de pós-operatório. “Quando o paciente retoma a atividade física, passado o período de pós-operatório, já é possível notar diminuição daquele inchaço que é comum nessa fase. Há uma melhora da drenagem linfática, pois os vasos linfáticos são estimulados com a atividade física. A acomodação da pele vai ganhando uma forma natural. Então, a atividade física também ajuda bastante na recuperação do paciente”, pontua.
O médico do esporte Diego Dias acrescenta que as atividades físicas carregam uma importância que vai além do ponto de vista somente estético. “Nesse período é essencial seguir um plano alimentar com dieta balanceada em vitaminas e proteínas e a prática de exercícios físicos que colaborem com os resultados da cirurgia. Isso trará benefícios para a saúde também a longo prazo”, afirma. Segundo ele, nesse período é crucial a prevenção da flacidez, garantida com o controle da porcentagem de gordura e melhor circulação sanguínea da pele. “Deve-se, porém, ter cuidado com o pós-operatório, respeitando o tempo estipulado de repouso de cada procedimento”, enfatiza.
Recomendações
Os dois profissionais concordam que não existe nenhuma cirurgia plástica em que não se pode realizar atividade física após o período de pós-operatório. “Ao contrário. Por exemplo, nas cirurgias plásticas de contorno corporal a paciente deve realizar atividades físicas”, afirma Armando. Ele pondera que existem alguns tipos de cirurgia em que é necessária maior cautela para liberação do paciente para realização de atividade física de forma mais intensa. “Por exemplo, no caso de abdominoplastia, se o paciente tem uma diástase, que é uma abertura grande dos músculos, é muito provável que tenha hérnia. Esse tipo de paciente precisa retomar uma atividade física bem leve, a partir de 60 dias após a cirurgia. Só vai poder fazer musculação depois de 90 dias”, exemplifica o cirurgião plástico.
Para cada cirurgia há um tipo de protocolo a ser seguido. Se é uma lipoaspiração, após 60 dias o paciente pode realizar praticamente todos os exercícios físicos de musculação e aeróbico. Quando se trata de abdominoplastia e próteses nos glúteos, a liberação para atividades físicas ocorre somente após 90 dias. “De início é importante que as atividades tenham menor intensidade, que pode ser gradativamente elevada ao longo do tempo. Nos casos de cirurgias de mamas, exercícios que utilizam os braços de forma intensa após 60 dias, por exemplo”, complementa Diego.
A empresária e personal trainer Pâmela Vaz, de 32 anos, conta que ficou um mês sem realizar nenhuma atividade física após uma cirurgia nas mamas. Relata que após os primeiros 30 dias foi liberada para fazer caminhadas leves, com 40 dias voltou a treinar com baixa intensidade e sem cargas, apenas para o corpo voltar a se exercitar. Após 60 dias, retomou a musculação com cargas, sem peso nos braços, somente nas pernas. “Eu já tinha uma rotina de treinos e alimentação saudável, então isso ajudou muito até a me recuperar mais rápido pós-cirurgia. No período de repouso a gente acaba retendo muito líquido e fica bastante inchado”, diz Pâmela, ressaltando que passados 90 dias da cirurgia já estava com o corpo recuperado e satisfeita com os resultados.